Questionamentos permeiam apresentação de planilhas do transporte público em evento do MP e Nossa São Paulo

Um debate consistente envolvendo engenheiros, arquitetos, advogados e outros profissionais, em sua maioria estudiosa do transporte público, marcou o primeiro dia do Fórum Mobilidade Urbana realizado nesta segunda-feira (7) pelo Ministério Público paulista e a Rede Nossa São Paulo. “Foi profundamente importante e altamente ilustrativo para trabalharmos visando a um transporte de melhor qualidade na região metropolitana”, avaliou o promotor de Justiça de Habitação e Urbanismo, Mauricio Ribeiro Lopes, responsável pela convocação do evento.
 
O objetivo do fórum sobre tarifa e financiamento, que continua nesta terça, é colher subsídios para instruir inquérito civil instaurado em junho para estudar a composição tarifária dos meios de transporte público na cidade de São Paulo e agora expandido para a Região Metropolitana.
 
Durante todo o dia, as empresas do transporte público de São Paulo (SPTransEMTUMetrôCPTM) se revezaram apresentando planilhas de custos e sendo questionadas sobre, números, gastos, demandas, investimentos e possibilidade de redução no valor das tarifas aplicadas. Ribeiro Lopes, por exemplo, quis saber por que ainda se tem gasto de 9%, sobre o valor da passagem, com os cobradores de ônibus, quando o sistema opera praticamente com bilhetagem eletrônica.
 
O coordenador da Nossa São Paulo, Maurício Broinizi, indagou sobre o porquê de algumas empresas terem até 15% de lucro na operação. “Eu, sinceramente, não consigo entender por que é que existem empresas que têm margem de lucro nesse patamar”, criticou o coordenador da Nossa São Paulo, Maurício Broinizi. “Gostaria de saber como é que a prefeitura de São Paulo subsidia empresas que estão com lucro acima do que seria razoável na média do sistema.”

Da plateia, vieram perguntas como se já é possível pensar em redução da tarifa com o aumento da velocidade permitido com as novas faixas de ônibus. Questão, esta, respondida com uma negativa.

Nesta terça, no segundo dia do evento, será a vez de discutir de que maneira o transporte público pode ser barateado e melhorado. A proposta de municipalização da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), imposto sobre a gasolina, para sua utilização no transporte coletivo estará entre as ideias a serem debatidas. "Ela (Cide) faz com que o automóvel, que até agora foi muito beneficiado por toda a política, passe a financiar o transporte público", disse Ribeiro Lopes.

Acadêmicos e líderes de movimentos como o Passe Livre foram convidados para o segundo dia de evento, que é aberto ao público e será realizado das 10h às 17h, na sede do Ministério Público, na Sé.

Transporte e o poder público

Maurício Broinizi também aproveitou a oportunidade para fazer uma crítica sobre o uso do dinheiro público por parte de quem deveria dar o exemplo. "Precisamos muito investir em transporte público para melhorar o serviço à sociedade, mas por que nossos representantes continuam tendo automóveis pagos pelo dinheiro público, com seus respectivos motoristas, combustível e manutenção?”, observou. “Já passou o momento de cobrarmos. Se estamos buscando ampliar a arrecadação para fazer o investimento que a sociedade necessita, precisamos cobrar austeridade e colocar um ‘basta’ em desperdício, mordomias e uso descabido do dinheiro público."

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