Prefeito sancionará lei aprovada na Câmara que preserva terreno na Consolação com árvores da Mata Atlântica. Grupo de manifestantes comemora anúncio feito por vereador durante protesto em frente à prefeitura.
Regiane Teixeira, Ricardo Bunduky, de São Paulo
O prefeito Fernando Haddad (PT) decidiu sancionar o projeto de lei aprovado na Câmara que cria o parque Augusta, na região central.
Com árvores nativas da Mata Atlântica, como jacarandás e ipês, o terreno de 24.752 m² entre as ruas Augusta, Caio Prado e Marquês de Paranaguá, na Consolação, é alvo de disputa entre moradores da região e construtoras.
Oficialmente, a prefeitura não confirma a decisão. Mas a Folha apurou que Haddad vai sancionar a lei –a outra opção seria vetá-la. Ele tem até a próxima terça, véspera de Natal, para fazer isso.
Ontem, um grupo de manifestantes, alguns vestindo maiô e roupas de mergulho, reuniu-se em frente à prefeitura, no centro, para reivindicar a criação do parque.
Sete deles foram recebidos pelo secretário-adjunto de Relações Governamentais, José Pivatto. Eles apresentaram formas para a prefeitura financiar a medida.
"Há várias possibilidades, como usar o dinheiro que o [ex-prefeito] Paulo Maluf deve para a cidade ou trocar esse imóvel com a construtora compradora por outro que estiver ocioso e seja da municipalidade", afirmou Célia Marcondes, presidente da Sociedade de Amigos e Moradores do Bairro de Cerqueira César.
Pivatto disse que a solicitação seria encaminhada ao prefeito, mas logo depois da reunião o grupo já comemorava a aprovação do parque.
Os manifestantes haviam conversado com o vereador Ricardo Young (PPS), que junto de Nabil Bonduki (PT), falaram com o prefeito sobre o tema anteontem. Segundo Young, Haddad "assegurou que vai sancionar" a lei.
Numa rede social, Bonduki disse: "O prefeito reafirmou que irá sancionar o projeto, por ser favorável mesmo com as restrições orçamentárias, no entanto, afirmou que deverão ser encontradas formas de mobilizar recursos para a sua implementação".
Processo
Em 2008, a área foi declarada como de utilidade pública pelo então prefeito Gilberto Kassab (PSD). Em agosto passado, porém, o decreto venceu sem que a prefeitura tivesse concluído o processo de desapropriação. A Secretaria do Verde alegou, à época, que não havia dinheiro.
Em novembro, foi divulgada a compra do terreno pelas incorporadoras Setin e Cyrela –que pretendem construir ali duas torres, mantendo parte da área nativa. A Folha não conseguiu localizar representantes das empresas.


