“Mortes e lesões no trânsito aumentam” – Destak

 

Ano passado 4.638 pessoas perderam suas vidas; 102 a mais do que o registrado durante 2009 todo

Na contramão da maior parte das ocorrências criminais no Estado de São Paulo, que apresentou queda, a quantidade de homicídios culposos (sem intenção) por acidentes de trânsito aumentou 2,24% em 2010 no comparativo com 2009, assim como lesões corporais (6,17%), segundo estatísticas da Secretaria de Segurança Pública.

Em 2009, 4.536 pessoas morreram vítimas de acidentes de trânsito. Em 2010, foram 4.638 (102 a mais, ou 2,24%). Ano passado foram registrados 138.307 casos de lesões (graves ou não) em acidentes, 8.040 superior a 2009 (130.267).

A quantidade de mortes no trânsito no Estado supera até a dos homicídios (4.320). É uma média de 12,7 por dia, ou uma a cada duas horas no Estado. Em relação a pessoas lesionadas, é uma proporção de 378 ao dia (15,75 por hora ou uma pessoa machucada a cada quatro segundos em algum canto no Estado). A capital concentra a maior parte das mortes e das lesões (leia abaixo).

O vice-presidente da Abramet (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego), José Montal, afirma que a violência no trânsito é uma das doenças de saúde pública negligenciadas pelas autoridades. (leia ao lado).

Registros

A pena prevista no Código Brasileiro de Trânsito para homicídio culposo (em geral, não houve imprudência) varia de dois a quatro anos e suspensão da CNH.

 

Capital tem 15% das mortes e 19% das lesões

A capital concentra, sozinha, 15% das mortes por acidente de trânsito no Estado e 18,8% das lesões, segundo dados da Secretaria de Segurança Pública (veja acima).

As estatísticas divulgadas anteontem trazem dados de todos os 645 municípios de São Paulo.

O número pode ser ainda maior. Isso porque os casos registrados nas ocorrências policiais se referem aos dados coletados logo após os acidentes ou durante o inquérito policial. Se, por exemplo, uma pessoa tiver uma lesão grave e vir a morrer meses depois, haverá diferença nos números.

Frota

Estudos anteriores sobre a violência no trânsito na capital relacionou o crescimento da frota com as mortes. Só na capital estima-se quatro milhões de veículos circulando.

 

‘É doença de saúde pública’

O vice-presidente da Abramet (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego), José Montal, afirmou que as mortes e lesões no trânsito só terão queda no momento em que as autoridades considerarem a situação como uma doença de saúde pública.

"Precisa ser tratada como doença de saúde pública como ela realmente é, por matar muito, incapacitar ainda mais e deixar sequelas dolorosas", disse.

Montal relembra um caso alarmante: além do Estado de São Paulo, as mortes no trânsito superam as de homicídios em outros seis Estados do país.

"É inconcebível termos redução de mortes violentas e outras, como no trânsito, não", afirmou Montal.

O médico considera que a situação vivida no Estado de São Paulo – e no país – é uma das chamadas doenças negligenciadas (existe, todo mundo sabe e não é tratada). "É algo que é perceptível e intolerável se for comparado aos padrões existentes nos EUA e Europa. A Alemanha tem um índice de motorização [pessoas por veículos] maior do que o Brasil e lá se mata cinco vezes menos", diz.

Montal alerta para que as eventuais medidas a serem tomada não caiam no esquecimento tal qual a Lei Seca, que reduziu drasticamente os índices de morte na sua aplicação e hoje volta aos patamares anteriores devido a falhas na fiscalização.

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